Mas o que eu mais sei é que a gente só aprende dando cabeçada por aí.
Então por que é que as pessoas se acham capacitadas em dar palpites na vida das outras?
Então por que é que as pessoas se acham capacitadas em dar palpites na vida das outras?
Alguém me explica?
Por que aquela pessoa que já foi infiel nos seus relacionamentos quer te convencer de que existe fidelidade?
Por que a gente sempre tem a fórmula mágica pra vida dos outros?
Por que alguém sempre sabe nos dizer exatamente o que fazer, mas nunca faz nada direito?
Faça o que eu digo, não faça o que eu faço? É isso?Você ta fazendo errado! Isso não ta certo!
Não pode ser assim! Faça de tal jeito! Espera aí.
Quem perguntou? Isso mesmo. Ninguém perguntou. É só um hábito irritante que as pessoas – em especial as mulheres – têm.
Ninguém ta pedindo conselho ou colocando a vida aberta para debate. A gente não está interessado em fazer como a melhor amiga faz só porque a experiência dela deu certo. Se fosse assim, a gente ouvia conselho de mãe, de vó, de tia velha e casava virgem, não é?! Não.
A gente faz o que a nossa cabeça manda e não o que as pessoas nos dizem. A gente quebra a cara. Sofre. Leva pé-na-bunda. Se decepciona com todo tipo de gente. Mas no final, a gente aprende alguma coisa que não aprenderia se tivesse feito tudo certo.Tudo certo demais cansa.
Que graça teria se a gente conseguisse tudo que quer?
Se fizesse tudo conforme o manual.
Se só abrisse o presente de Natal depois da meia-noite.
Se tudo saísse conforme planejado.
Se a gente não tivesse ciúme.
Se a gente soubesse exatamente como fazer tudo. Ou se tivesse alguém pra nos dizer sempre como fazer.
Não teria graça nenhuma.
Não haveria inspiração pras duplas sertanejas, pros noticiários, pros blogueiros, pra Sônia Abrão ou pra Márcia Goldsmith.
Não haveria dor ou poesia.
Os dias chuvosos não fariam o menor sentido.
O mundo não teria graça se tudo fosse perfeito e se todo mundo tivesse a resposta pro problema alheio antes mesmo do alheio ensaiar querer um conselho.
Por isso, detesto que alguém dê palpite na minha vida. Deixe que eu caminhe com minhas próprias pernas curtas dando meus passos pequenos. Um de cada vez. Deixe que eu caia, levante e comece de novo se precisar. Mas, por favor, me deixe fazer sozinha. Do meu jeito errado. Se eu vou me machucar mais do que aprender alguma lição, deixe que eu descubra no final. E, no final, se der tudo errado, quero ver quem vai voltar pra ficar do meu lado.
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